segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Triste. Tão triste.














“O horror! O horror!”


Kurtz, em "Heart of Darkness", de Joseph Conrad
(Mais tarde adaptado para o cinema por Francis Ford Coppola, em Apocalipse Now)



Longe da vista, longe do coração. Longe do coração, longe da mente. O problema, é quando a natureza reduz essa distância, e nos confronta com a dura realidade... Estamos - e já não é a pouco e pouco - a destruir o delicado equilíbrio que faz com que esta linda esfera azul seja tão aconchegante à nossa espécie. A tragédia é que, do alto da nossa arrogância e cegueira humanas, nem sequer nos apercebemos - ou então estamos em suicida negação - que, eventualmente, o equilíbrio será sempre reposto. Só que um equilíbrio que poderá ser inviável para a vida como a conhecemos. E muito especialmente, para a vida humana.

Ontem fomos a Carcavelos. Adoro estar perto do mar, especialmente quando ele nos mostra a sua força brutal, que por vezes mais parece uma tentativa desesperada para expulsar o lixo humano que que cada vez mais o contamina. A imagem do areal não podia ser mais triste e degradante. No meio do lixo orgânico, uma quantidade infindável de garrafas de plástico e respectivas tampas, garrafas de vidro, cotonetes (eu diria que milhões, biliões desses pequenos palitos azuis... enão estou a exagerar), latas de refrigerantes, embalagens de todo o tipo, sacos, beatas e uma míriade de outros objetos como ténis velhos, redes de pesca, pedaços de mobiliário e de electrodomésticos, os restos de um sofá, vestígios de peças de roupa, bolas furadas e sei lá mais o quê. Ainda no que se refere ao departamento dos plásticos, vi na areia minúsculas partículas de plástico, de todas as cores e tamanhos, algo que comprovou o que o meu grande amigo Marc, grande defensor desse magnifico animal que é o Albatroz (Um das muitas espécies que estão pagar muito caro pelos nossos erros), já me tinha dito: com o tempo o plástico fragmenta-se de tal forma, que as suas partículas, cada vez mais pequenas, entram na cadeia alimentar de muitas espécies marinhas, com tudo o que horrível se possa imaginar a partir daí. E se esta imagem não for suficientemente chocante, lembrem-se... ao consumirmos peixe, podemos estar também a consumir plástico. Literalmente.

Escusado será dizer que com a subida da maré, todo este lixo acabou por voltar ao mar. Para longe da nossa vista, do nosso coração, e da nossa mente.

É este o mundo que os nossos filhos irão herdar.

Infinita tristeza.

Caso queiram saber mais sobre toda esta tragédia, é favor seguir os links abaixo indicados. Mas aviso já, a viagem não será fácil:

http://vimeo.com/25563376
http://www.midwayjourney.com/
http://plasticpollutioncoalition.org/learn/basic-concepts/
http://www.youtube.com/watch?v=WlMS-LuRIYc
http://www.youtube.com/watch?v=Se12y9hSOM0

1 comentário:

angelina maria pereira disse...

O mar (a Natureza) é implacável: devolve-nos, de forma brutal e inesperada (?) todo o lixo que lhe atiramos sem qualquer respeito e consciência dos efeitos trágicos...

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