sexta-feira, 14 de setembro de 2012

A arte é uma arma!

"A arte é uma arma!"
por Paulo Galindro
Acrílico sobre os meus dedos
Setembro de 2012


Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso

Eu não era negro


Em seguida levaram alguns operários

Mas não me importei com isso

Eu também não era operário


Depois prenderam os miseráveis

Mas não me importei com isso

Porque eu não sou miserável


Depois agarraram uns desempregados

Mas como tenho meu emprego

Também não me importei


Agora estão me levando

Mas já é tarde.

Como eu não me importei com ninguém

Ninguém se importa comigo.

Berthold Brecht

Chegou a hora meus amigos, de levantar o nosso rabo comodista do sofá. De sair à rua e gritar a plenos pulmões que nos devolvam os nossos sonhos, e o Amanhã dos nossos filhos.
Chegou a hora de barafustar, de bater o pé, de mostrar ao mundo que afinal não somos patologicamente passivos, e que podem fazer connosco o que quiserem que nada faremos para nos defender.
Chegou a hora de provar a nós mesmos que somos herdeiros dos que embarcaram nas naus, nessa coisa maluca a aparentemente suicida chamada Descobrimentos, e não dos que ficaram em terra a cantar o Fado.
Dizem por aí que manifestações não levam a lado nenhum, que eles são surdos e cegos e insensíveis aos nossos gritos e ao incómodo da nossa presença. Que isto só vai com bombas, mortes, e uma violência desmedida e descontrolada, muitas vezes contra aqueles que tal como nós, são vítimas de um grupo de imbecis que desde há 40 anos para cá procriam e preservam-se mutuamente nos corredores do poder. Talvez tenham razão... mas há um caminho a percorrer até chegarmos a esses patamares de insanidade que por vezes, e infelizmente, são um mal necessário
É certo que sorrirão com os dentes todos quando lhes perguntarem a opinião sobre os crescentes protestos. Será contudo um sorriso falso, forçado. Alegarão que 80 mil pessoas, ou mais, afinal foram apenas alguns parcos milhares. Irão argumentar que esses poucos não passam de um grupo sem significado, e que os verdadeiros portugueses, aqueles que estão estoicamente a aceitar este assassinato colectivo disfarçado de salvação, esses ficarão em casa a aguardar ansiosamente pelo próximo pacote pleno de medidas de austeridade que lhes irá possibilitar a prática de um nobre patriotismo. Será tudo falso, contudo, como tudo o que sai da boca destas pessoas.
Mas sabem de uma coisa? Se 1000 manifestações nada mudarem, ainda assim prefiro 1000 vezes sair à rua, do que ficar com o meu rabo colado ao sofá, a fazer uma revolução virtual no Facebook.

Até amanhã.

E a todos aqueles que em pleno direito decidem não ir, porque por enquanto ainda vivemos numa democracia... a todos vocês desejo-vos um ensolarado sábado.


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